Pular para o conteúdo principal

Poema de Dallas Clayton, tradução/versão: Suzana Valença


VERSÃO EM PORTUGUÊS (Suzana Valença)



Ouvi dizer que o futuro é horripilante

Com robôs que comem corações pulsantes

As pessoas vão se dobrando e caindo

E a Terra, em dias tristes, vai submergindo



E eu ouvi dizer que o futuro já chegou

Por quem fala que conversou

Com Deus, em particular

Sobre juntar gente para guerrear



Ouvi dizer que o futuro é barato

De comprar e vender, colhido e plantado

Para queimar e quebrar e construir e levar

E nem se importar com bagunçar ou guardar



Mas eu acredito que o futuro é feliz

Que devemos ouvir menos o que se diz

E ajudar a curar quem segura nossa mão

E ser uma luz na escuridão


TRADUÇÃO DIRETA



Ouvi dizer que o futuro é sombrio

Com robôs que comem corações pulsantes

As pessoas vão se dobrando e caindo

E a Terra submerge em dias tristes



E eu ouvi dizer que o futuro já chegou

Por pessoas que falam que ouvem

Deus em conversas baixinhas

Sobre reunir todas as ovelhas que lutam



Ouvi dizer que o futuro é barato

De comprar e vender e costurar e rasgar

Para queimar e quebrar e construir e levar

E nem se importar com a bagunça que ficou





Mas eu acredito que o futuro é brilhoso

Que você pode ser a luz

E ajudar a curar a mão que seguramos

E ouvir menos o que falam por aí



Poema original:

I’ve been told the future’s dark

With robots eating beating hearts

As people fold and fall away

And Earth immersed in dismal days



And I’ve been told the future is here

By folks who claim to lend an ear

With god in private quiet talks

Of plans to gather fighting flocks



I’ve been told the future is cheap

To buy and sell and sow and reap

To burn and grind and build and take

And never mind the mess you make



But I believe the future is bright

That you can be the light

And help to heal the hand we hold

And listen less to what we’re told






Sobre Dallas Clayton: é autor / ilustrador de livros infantis. Ele gosta de combinar poeminhas com desenhos de bem coloridos. Às vezes os poemas não fazem sentindo (ou fazem?), parecem bobagem de criança. E, às vezes, os desenhos são monstrinhos. Dallas tem uma página linda no Instagram (https://www.instagram.com/p/BMm0-ubhB6H/?taken-by=dallasclayton) e vende o produtos dele no site (http://store.dallasclayton.com/). A arte dele também pode ser encontrada no meio da rua, feita a giz, só porque sim.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Os Dentes do Jacaré, Sérgio Capparelli. (poema infantil)

De manhã até a noite, jacaré escova os dentes, escova com muito zelo os do meio e os da frente. – E os dentes de trás, jacaré? De manhã escova os da frente e de tarde os dentes do meio, quando vai escovar os de trás, quase morre de receio. – E os dentes de trás, jacaré? Desejava visitar seu compadre crocodilo mas morria de preguiça: Que bocejos! Que cochilos! – Jacaré, e os dentes de trás? Foi a pergunta que ouviu num sonho que então sonhou, caiu da cama assustado e escovou, escovou, escovou. Sérgio Capparelli  CAPPARELLI, S. Boi da Cara Preta. LP&M, 1983. Leia também: Velho Poema Infantil , de Máximo de Moura Santos.