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Mostrando postagens de julho, 2014

A Chegada de Ariano Suassuna no Céu, Klévisson Viana e Bule Bule

Nos palcos do firmamento Jesus concebeu um plano De montar um espetáculo Para Deus Pai Soberano E, ao lembrar de um dramaturgo, Mandou buscar Ariano. Jesus mandou-lhe um convite, Mas Ariano não leu. Estava noutro idioma, Ele num canto esqueceu, Nem sequer observou Quem foi que lhe escreveu. Depois de um tempo, mandou Uma segunda missiva. A secretária do artista Logo a dita carta arquiva, Dizendo: — Viagem longa A meu mestre não cativa. Jesus sem ter a resposta Disse torcendo o bigode: — Eu vejo que Suassuna É teimoso igual a um bode. Não pode, mas ele pensa Que é soberano e pode! Jesus, já perdendo a calma, Apelou pra outro suporte. Para cumprir a missão, Autorizou Dona Morte: — Vá buscar o escritor, Mas vê se não erra o corte! A morte veio ao País Como turista estrangeiro, Achando que o Brasil Era só Rio de Janeiro. No rastro de Suassuna, Sobrou pra Ubaldo Ribeiro. Porém, antes de encontrá-lo, Sofreu um constrangimento Passando em C

Eu e os poetas do Recife, Manuel Bandeira

                  As imagens ao lado foram feitas no Espaço Pasárgada  que fica na Rua da União.   Manuel Bandeira refere-se à casa do avô no  do verso: "... tudo lá parecia impregnado de eternidade" .                    Acima estou com um boneco gigante de Manuel Bandeira, que sai no carnaval.  Abaixo, MB num desenho de Romero Brito. Posto um poema de que não lembrava, apesar de já ter lido, todos os livros do poeta. O Súcubo Quando em  silencio a casa adormecia e vinha Ao meu quarto a aromada emanação dos matos, Deslizáveis astuta, amorosa e daninha Propinando na treva o absinto dos contatos. Como se enlaça ao tronco a ondulação da vinha, Um por um despojando os fictícios recatos, Estreitáveis-me cauta e essa pupila tinha Fosforescências como a pupila dos gatos.  Tudo em vós flamejava em instintiva fúria. A garganta cruel arfava com luxúria. O ventre era um covil de serpentes em cio... Sem paixão, sem pudor, sem escrúpu

Para: Ariano Suassuna, De: Mateus Nachtergaele

"Carta para Ariano, Quem te escreve agora é o Cavalo do teu Grilo. Um dos cavalos do teu Grilo. Aquele que te sente todos os dias, nas ruas, nos bares, nas casas. Toda vez que alguém, homem, mulher, criança ou velho, me acena sorrindo e nos olhos contentes me salva da morte ao me ver Grilo. Esse que te escreve já foi cavalgado por loucos caubóis: Por Jó, cavaleiro sábio que insistia na pergunta primordial. Por Trepliev, infantil édipo de talento transbordante e melancólicas desculpas. Fui domado por cavaleiros de Sheakespeare, de Nelson, de Tchekov. Fui duas vezes cavalgado por Dias Gomes. Adentrei perigosas veredas guiado por Carrière, por Büchner e Yeats. Mas de todos eles, meu favorito foi teu Grilo. O Grilo colocou em mim rédeas de sisal, sem forçar com ferros minha boca cansada. Sentou-se sem cela e estribo, à pelo e sem chicote, no lombo dolorido de mim e nele descansou. Não corria em cavalgada. Buscava sem fim uma paragem de bom pasto, uma várzea verde entre a secura d

Eu e os poetas do Recife, Chico Science

Chico Science e eu na Rua da Moeda, Recife Antigo Chico Science , criador e maior expoente do movimento Mangue Beat. Macô Chico Science , Jorge Du Peixe, Eduardo Bidlovcki De bamba nada Só queres barbada Tú ta de terno amarelo Porque tá fazendo sol Olha só que cara desarrumado Que chapéu torto Que óculos enfeitado Ô Zé Mané, Ô Zé Mané, Ô Zé Mané, Ô! Macô! De zambo nada tu só quer mamata Tu só quer ficar na minha Porque eu tô de mão cheia Olha só que menina bonitinha Pra poder ficar comigo Tem que saber de cozinha Ô menina, Ô menina, Ô menina, Ô! Macô! De lama nada Segura essa garrafa O Gargalo já tá feito Táis adivinhando cheia Olha pra lá, vira a cara não dá bola Pega uma ficha aí bota lá na radiola Cadê Roger, Cadê Roger, Cadê Roger, Ô! Macô! Macô! De zambo nada tu só quer mamata Tu só quer ficar na minha Porque eu tô de mão cheia Olha só que menina bonitinha Pra poder ficar comigo Tem qu

A Pipoca, Rubem Alves

                        A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.                              Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.              Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento. As comidas, para mim, são entidades oníricas.  Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imagi

3 notícias

O escritor Ferreira Gullar declarou interesse em candidatar-se à vaga da cadeira 37 que  era ocupada por Ivan Junqueira. A ABL dá 30 dias par que  os                                           interessados enviem cartas de candidatura .   O livros: Tanto Mar de Tatiana Salem Levy e Menino, Sua amiga, um fichário e dois Preás de Mirna Pinsky foram os vencedores do Prêmio Machado de Assis da ABL, edição 2014  na categoria infanto juvenil  Há um ano,  fiz uma postagem que foi a mais acessada daquele mês de julho. O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link: http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,cientista-politico-vamireh-chacon-vence-premio-machado-de-assis-da-abl,152508 O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link: http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,cientista-politico-vamireh-chacon-vence-premio