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Mostrando postagens de 2014

Esperança,Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando todas as sirenas Todas as buzinas Todos os reco-recos tocarem - Ó delicioso vôo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança… E em torno dela indagará o povo: - Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: - O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA… Que sejamos nós a esperança de um ano melhor em 2015

Monólogo de Natal, Aldemar Paiva

Não gosto de você, Papai-Noel, também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia... Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humanidade, jogavam pedras nessa fantasia! Você talvez nem se recorde mais, cresci depressa e me tornei rapaz sem esquecer, no entanto o que passou... Fiz-lhe um bilhete pedindo um presente e a noite inteira eu esperei contente, chegou o sol e você não chegou! Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, enferrujado, que me entregou com certa hesitação... Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai-Noel mandou...” e se esquivou, contendo a emoção! Alegre e inocente, nesse caso pensei que o meu bilhete, com atraso chegara às suas mãos no fim do mês... Limpei o trem, dei corda, ele partiu deu muitas voltas, meu pai sorriu e me abraçou pela última vez! O resto só eu pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade... Meu pai chegou um dia e disse a medo: “_ Onde é

Conto de Natal, Quim Monzó

     No princípio tudo continuava normal, se por normal se entende que um ser fabuloso, de cabelos encaracolados louros até os ombros e asas de pena de ganso, como as que às vezes escapolem pelas costuras dos edredons, descesse até a casa de Maria e, lá, no átrio de colunas românicas -isso sim é que era estranho: colunas românicas em Nazaré- lhe anunciasse a boa-nova.      Mas, de fato, tudo continuava exatamente desse jeito: o ser fabuloso, de cabelos encaracolados louros até os ombros e asas de pena de ganso, com olhos amendoados entre o azul, o verde e o rosa, e de uma beleza, mais que inenarrável, assexuada, desceu até a casa de Maria -uma casa humilde, mas limpa e bem cuidada, com vasos de gerânio ao longo do átrio de colunas, românicas tal como dissemos- para anunciar-lhe a boa-nova: que era cheia de graça e bendita entre todas as mulheres. Maria ficou boquiaberta.        O arcanjo, vendo a perturbação da mulher, entendeu que o aparato cênico tinha sido realmente impress

Feliz Natal a Todos

                                    Quem  quiser saber sobre a origem do uso da arvore de natal, presépio, Papai Noel e outros símbolos do natal,  pode procurar nessa  postagem do blog.                                   Mas ... E a música Noite Feliz ?   Não vai falar nada sobre ela, Regina?  Ôpa, realmente está faltando. Vamos a ela então.                                           Nossa muito conhecida Noite Feliz ,   chama-se, originalmente, Silent Night.  É de autoria do  Padre Joseph Mohr e foi musicada por Franz Gruber, ambos austríacos.      Foi Executada pela primeira vez na noite de natal de 1818, na Igreja de São Nicolau que não existe mais.  No seu lugar está a    Capela Memorial da Noite Silenciosa ( Stille-Nacht-Gedächtniskapelle) com capacidade para apenas 20 pessoas.        A famosa música    Noite Feliz   no Brasil foi gravada  por diversos artistas, mas como nunca ouvi uma interpretação tão bonita quanto a que recebi de um amigo, deixo vocês com essas tr

Você Leu O Irmão Alemão?

                                                               Fizemos nosso Amigo Secreto anual e vi que ninguém pediu o novo livro de Chico Buarque, isso me intrigou.                Notei também que desde seu lançamento não houve no nosso grupo nenhum comentário a respeito.       Pessoalmente não senti o menor interesse em ler O Irmão Alemão . Li três outros livros de Chico que não me entusiasmaram. Ótimo compositor. Prefiro o Chico na música. Me bateu curiosidade, por isso pergunto: Você leu O Irmão Alemão?   Gostou? Recomenda para a blogueira?

Revendo 2014 (3) O Que Eu Lí Até Agora?

  Contos de Eva Luna  Isabel Alende A autora tem uma capacidade inventiva de impressionar. Todos os contos trazem maior ou menor grau de romatismo. Recomendo a leitura   A Menina Que Roubava Livros Markuz Zusak Meu segundo livro de Markus Zusak me agradou bastante  e o filme lançado em 2013 também é muito bom. recomendo filme e livro   A Fábrica de Papel  Marie Arana Com esse livro conheci a autora peruana. Foi Marilda, do grupo LivroErrante, quem me deu dizendo que tinha gostado muito. Marilda tem razão: Marie Arana criou uma história cheia de lendas e costumes da amazônia peruana, acrescentou umas mentiras e fez um romance no estilo (ou gênero?) realismo fantástico. Recomendo.   A vó Dezanove e o Segredo do Soviético Ondjaki Livro juvenil que agrada a adulto. Novamente Ondjaki situa a narrativa no período que em Angola estavam militares soviéticos. Lírico e bem humorado ao mesmo tempo é de leitura muito agradável, Recomento    A Vida Secreta das A

Revendo 2014 (2) Agradável Supresa: Pé de Livros

                       Minha agradável surpresa deste ano,  é mais uma declaração de amor, orgulho e admiração por uma amiga e colega de leituras.  Vamos ao fato, então.  Ontem foi o lançamento oficial  da Editora Cartonera pé de Livros. Aconteceu na Bienal Internacional do Livro do Ceará .        Incansável, obstinada mesmo, incentivadora da leitura infantil, Janete Barros criou e leva o projeto Pé de Livros a lugares públicos e escolas da bela capital cearense.      Sem patrocínio oficial nem apoio financeiro, carrega sozinha todo o bem caprichado material de apoio, bem como o artigo principal que são os livros.                                                                                       Sucesso onde chega!!!! Não contente com apenas disponibilizar livros infantis para leitura gratuita...  ...Janete Barros, criou uma editora cartonera cujo lançamento oficial se deu com o livro O Abacateiro, de sua autoria.  Pela Cartonera Pé de Livros, v

Revendo 2014 (1) Mais acessadas.

Dezembro é mês de férias também para a blogueira, então optei por dar um passeio pelo  LivroErrante. Clique no mês para ver a postagem.            No início do ano eu ainda estava com preguiça e sem inspiração, mas dei sorte: o jornal de maior tiragem aqui do Recife trouxe um artigo em que cita o LivroErrante.  Isso foi em  J. a. n.e.i.r.o    e, claro, que adorei!          Mês seguinte:   F. e. v. e. r. e. i.r.o        postei uma marchinha de carnaval cantada pelo autor Eduardo Dusek e Preta Gil .        Em   M.a.r.ç. o  , Gabriel García Márquez completou 87 anos e o blog trouxe um texto dele que você pode rever clicando no mês.        O grande Gabo, nos deixou órfãos em     A. b.r.i.l  .         Comecei a falar do Crcuito da Poesia  em      M . a. i.o ,  quando explico o que é e quem faz parte do projeto.         No Mês mais festivo do Nordeste, trago Rubem Braga, veja o mês de   J. u.n.h. o       Chegou o segu

Queria Ver Você Feliz, Adriana Falcão

           "Para engolir os quatrocentos comprimidos que o mataram, Caio usou guaraná em vez de água. (...)      Maria Augusta nunca mais tomou guaraná. Só tomava os comprimidos. "     " No dia 3 de julho de 1979, nasceu Isabela.     No meio da alegria geral, o grave problema: Maria Augusta tinha certeza de que o Skylab ia cair na cabeça da Adriana, estava desesperada e precisava tomar suas providências. O jeito era grudar na filha, foi a conclusão. Inútil discutir maluquice. Ela conseguiu permissão para ir dormir na casa de Adriana, para que morressem juntas. Na madrugada de 11 de julho, o Skylab caiu na Austrália, Maria Augusta achou aquilo um desaforo."      Conheci a autora com seu último livro Queria Ver Você Feliz e me surpreendi com sua capacidade de contar com humor duas tragédias familiares.       A narrativa é fortemente influenciada por seu trabalho de roteirista o que dá velocidade e fuidez à leitura.       Não é recome

Mainha Me Ensinou - Maria Rita

Ainda me lembro com clareza O que mainha me ensinou A respeitar a natureza Pela fartura sobre a mesa agradecer ao Criador Sempre andar num bom caminho Tirar o espinho de uma flor Pra dar e receber carinho Pra não viver em desalinho Só se entregar a um grande amor Pra dar e receber carinho Pra não viver em desalinho Só se entregar a um grande amor Ah! Encontrei um amor assim É tudo o que sonhei pra mim Num amanhecer (Eu e você) Quando entardecer (Você e eu) O tempo já passou A gente nem notou Anoiteceu E deixa clarear (Que um anjo bom) Chegou pra completar (Nossa paixão) Felicidade minha Hoje eu sou mainha Mainha tem razão Ainda me lembro com clareza Esta música está no CD Coração a Batucar

Não Fotografei a Resignação, Regina Porto

      Imagem: Regina Porto      Domingo passado fui fazer fotos. Queria registrar qualquer coisa ou cena que, por si, traduzisse uma palavra. Qualquer que fosse.         Estive  no marco zero do Recife onde acontecia a feira de cultura japonesa. O pequeno bairro fervilhava com jovens skatistas, crianças de bicicleta e admiradores de mangás. Estes, vestidos a caráter, desfilavam personagens.      Por todos os lugares havia quem, sozinho ou em grupo,  vestisse  roupas a  mim incompreensíveis com perucas azuis, amarelas e laranjas.       Apesar de caminhar bastante e de ver tanta gente fantasiada o que me chamou a atenção para fotografar foi um casal religioso. Ele, de paletó e gravata, no mesmo lugar onde ficam todos os religiosos pregadores, sob o de sempre sol escaldante,     Tinha perto de si microfone e amplificador. Pregava para plateia nenhuma, virando-se pra um lado e outro. As veias do pescoço dilatadas.  Passei  próximo mas em lado sombreado e vi que com ele estava

O Bordado, A Pantera Negra - Raimundo Carrero e Ariano Suassuna.

O Bordado, A Pantera Negra,   Raimundo Carrero           O punhal alumiando. Os olhos faiscando no fundo da moita. A noite - pantera negra - esconde o mato. Simão bugre, cartucheiras cobrindo o dorso, arrasta-se, abrindo caminho, Sente os espinhos enfincando-se no peito. Rasga a pele com a unha fina: o sangue corre.       Enfurecido pela dor, esmagam cacto, Parece uma fera acuada. recebe a pancada do vento no rosto como se fosse um coice.  Agora, a moita está às costas. Não vê as matas se perdendo nos confins, mas tem na mente todos os caminhos e estradas. Perdido entre o silêncio e as trevas está o mundo Santos dos Umãs.      O punhal alumiado parece espelho. A fera pisa com rigidez, sacode a brutalidade dos seus músculos. O tempo caminha em passos apressados para a madrugada. Antes, o trovão geme atrás das nuvens, depois a chuva despenca, saciando a sede da terra.  Simão Bugre apalpa a arma. Os cabelos de fios ásperos descem, molhados, pelos ombros. Os pés de an