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Mostrando postagens de agosto, 2013

Orgulho de Estar Na Rabeira, ou pernambucanidade inútil. Regina Porto

      Pernambucanidade, orgulho de ser nordestino, Eu Amo Recife: todas são bem sucedidas campanhas   publicitárias com o objetivo de vender algum produto ou ideia. As três campanhas têm em comum o ufanismo e   nossa conhecida  mania de grandeza. Não vou me ater às questões de Marketing. Não é meu objetivo. Penso é no ufanismo: sempre utilizado, incentivado, quando há uma necessidade.            Vejo na imprensa local   uma preocupação enorme em destacar Pernambuco e não   considero isso incorreto.   Às vezes é engraçado   ler, por exemplo: ” Pernambucano   faz a travessia do canal da mancha   em 10 minutos”, aí vou ler a notícia completa e descubro que, nessa ocasião,   1 00 pessoas   fizeram o mesmo percurso em 9 minutos.   Para continuar a rir, procuro e não encontro a notícia nos jornais de maior porte . Quando muito, encontro, sem destaque algum,    que esse brasileiro (sim, pernambucano é brasileiro) foi o pior nadador e a competição não tem qualquer relevância no cen

Aniversariante em 15 poemas: Paulo Leninski

     Adoro conhecer escritor novo. E como tem gente boa por ai, gente! nunca vou dar conta de tanto livro e autor! Sempre vou me deparar com alguém de quem só conhecia um texto ou de quem nunca tinha ouvido falar. Paulo Leminski estava no primeiro grupo até ir, em  janeiro, pra casa de meu filho e ler um livro dele. Uaaaaaaaaaauu! Imagem de: Igor westphalen      Hoje, quando completaria 69 anos,  trago 15 poemas de Paulo Leminski. Duvido que você não goste. Bem no fundo No fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela — silêncio perpétuo extinto por lei todo o remorso, maldito seja que olhas pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas. Dor elegante Um homem com uma dor É

Me meti na torcida adversária

            Fui ao Recife Antigo, belo bairro da cidade, onde, na Torre Malakoff, estive no lançamento do livro de  Samarone Lima e  Inácio França. Pois é, pessoal: dei vez a futebol e me passei pra ir ver Raça Negra, primeiro livro da Trilogia das Cores que traz crônicas dos dois jornalistas torcedores de time adversário.     Imagens do Lançamento do Livro Raça Negra   Torcedores entoam: tri tri tricoloooor!!! Pelas pessoas da fila dá pra notar que a alternativa incorreta era eu. Samarone Lima, um dos autores, autografando meu exemplar. "Para Regina Porto, rubro negra de carteirinha e amante do Santinha". Notas da blogueira:  Santinha : forma carinhosa usada para o Santa Cruz F.C, o time tricolor (vermelho, preto e branco) adversário do Sport Recife, meu time, que é rubro negro. Os próximos livros da Trilogia das Cores: vão ser lançados em dezembro 2013 e em fevereiro 2014.

O Hóspede, Sérgio Porto

            Não sou um homem de mudanças. Mudei-me duas vezes apenas, em toda minha vida. No entanto, ou talvez por causa disso, sei bem o que significa para a felicidade de cada um a comunhão do homem com seus bens e costumes, suas manias e hábitos. Assim como uma família não é composta somente de primos e primas, tios e tias, avôs e avós, irmãos e irmãs, adidos e afins, assim também uma casa não é somente seus cômodos e dependências, seu terreno e seus jardins.      Foi um estudante pobre, há alguns anos, que me fez sentir isso. Foi um colega pobre que morava numa pensão pensão do Catete e que um dia, num rasgo de condescendência consigo mesmo, entrou no café e - para inveja dos que tomavam a clássica média com pão e manteiga - berrou para o garçom:          - Chico,me traz um prato de empadas!       Sentou-se à minha mesa e explicou que era dia  de empadas lá na sua casa do interior fluminense. Dia de festa de Nossa Senhora da Glória - esclareceu - quando a preta

Nossa Irmã Lua, Noémia de Sousa

Uma irmãzinha meiga que nos cubra a todos com a quentura terna e gostosa do seu carinho... que entorne toda a sua claridade sobre as nossas tristes cabeças vergadas e, como um feitiço forte e misterioso, nos afugente as raivas fundas e dolorosas de revoltados, com a sua morna carícia de veludo... sua enorme mão, luminosamente branca, consegue-nos tudo. E sob o seu feitiço potente, serenamos. E pouco a pouco, momento a momento, Sossegando vamos... Fechando nossos olhos pacientes de esperar, Já podemos vogar no mar Parado dos nossos sonhos cansados... E até podemos cantar! Até podemos cantar o nosso lamento... De olhos para dentro, para dentro de nós, Sentimo-nos novamente humanos, Somos nós novamente, E não brutos e cegos animais aguilhoados... Sim. Nós cantamos amorosamente A lua amiga que é nossa irmã. – Embora nos repitam que não, nós o sentimos fundo no coração... (que bem vemos que no seu largo rosto de leite há sorris

Divagando Com Livros de Sebo, Regina Porto

     Quem tem mania(vício? doença?) de ler parece adquirir uns hábito estranhos.                Estive olhando os livros de sebo que possuo. Uns são novos. Bem perto de minha mão esquerda tem um  Moacyr Scliar que comprei por  menos que a metade do preço.  Chegou vindo do Rio de Janeiro e, conforme informado, em excelente estado de conservação.       - Será que o dono não gostou?     - Como não gostou se eu adorei esse livro?      - Te aquieta, Regina! Vai ver que o dono precisou de espaço na estante.       - É, pode ser.      - Ou talvez seja um desapegado fã do autor que pôs à venda  o livro depois de tê-lo emprestado a vários amigos como você mesma faz.        - É mesmo.      Ainda à minha esquerda e na letra M, achei Contos Reunidos. Ah! esse livro é um tesouro: foi comprado porque eu queria  encontrar um conto citado pelo colunista da Revista Veja e que até aquela data não existia no Google. Passou a existir com a minha postagem e eu fiquei me achando, claro. Di

Arquitetura e Kafka, tudo a ver?

      O que Danti Alighieri, Tolkien, Wilhelm Hauff, Luis Cernuda,Orhan Pamuk, Ítalo Calvino e Kafka têm em comum?  Você me responde: livros! Sim, eram escritores.   Não é só isso!!     Na Nova Zelândia,Argentina, Turquia,Espanha,Alemanha 7 fãs dos autores, construiram algum edifício com inspiração na obra dos autores.  Na Nova Zelândia, por exemplo, tem um motel temático dos Hobbits.    Boa ideia?  Eu também adorei.  Dentre as 7 construções  literárias a minha preferida é o Hotel Tressants, Ilha de Menorca na Espanha. Qual a sua? o que você achou mais interessante? E se eu fosse arquiteta, quem me inspiraria?  Vou pensar. Vamos?

A Roça, Manuela Margarido

A noite sangra no mato, ferida por uma aguda lança de cólera. A madrugada sangra de outro modo: é o sino da alvorada que desperta o terreiro. E o feito que começa a destinar as tarefas para mais um dia de trabalho. A manhã sangra ainda: salsas a bananeira com um machim de prata; capinas o mato com um machim de raiva; abres o coco com um machim de esperança; cortas o cacho de andim corn um machim de certeza. E à tarde regressas a senzala; a noite esculpe os seus lábios frios na tua pele E sonhas na distância uma vida mais livre, que o teu gesto há-de realizar.   Maria Manuela Conceição Carvalho Margarido (roça Olímpia, Ilha do Príncipe, 1925 – Lisboa, Março de 2007) foi uma poetisa de São Tomé  Foi combatente do autoritarismo e desumanidade que a partir da década de 1950 foi imposto à  África, e lutou pela independência do arquipélago. Em 1953, levanta a voz contra o massacre de Batepá, perpetrado pela r