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Mostrando postagens de novembro, 2011

Na Hora Neutra Da Madrugada, Rubem Braga

      Muitos homens, e até senhoras, já receberam a visita do Diabo, e conversaram com ele de um modo elegante e paradoxal. Centenas de escritores sem assunto inventaram uma palestra com o Diabo. Quanto a mim, o caso é diferente. Ele não entrou subitamente em meu quarto, não apareceu pelo buraco da fechadura, nem sob a luz vermelha do abajur. Passou um dia inteiro comigo. Descemos juntos o elevador, andamos pelas ruas, trabalhamos na Redação do Jornal e comemos juntos.      A principio confesso que estava um pouco inquieto. Quando fui comprar cigarros, receei que ele dirigisse algum galanteio baixo à moça da tabacaria. É uma senhorita de olhos cor de garapa e cabelos castanhos muito simples, porém muito bonitos que eu conheço e que me conhece, embora a gente não se cumprimente. Mas o Diabo se comportou honestamente. O dia todo – era um sábado – correu sem novidade. Ele esteve ao meu lado na mesa de trabalho na Redação, no restaurante, no engraxate, no barbeiro.

Para Acender a Luz, Laércio Lins

De que material é feito a beleza? Qual o peso da leveza? De que momento nasceu o tempo? Será que no mesmo lugar onde foi soprado o primeiro vento? De que pedra preciosa nasceu a alegria? Das larvas de um vulcão? Da água limpa e fria? Sentimentos bons têm brilho de metal, tem gosto de festa. Pensamentos não pensados, palavras nunca ditas ou escritas. Será essa a origem da filosofia? O bem contra o mal, o bom contra o ruim. 1x0 ou empate? Ou será que um alimenta o outro? De que magia nasce o encanto. A paixão é uma miragem que faz o feio parecer bonito ou é ilusão de ótica? Será que o medo é parente do grito? De que é feito o pensamento? De saudade? De lembranças? De ansiedade? De depressão? De senso crítico? De bom senso? Ou de esquecimento? O poder é forte? Ou se esconde em uma máscara pra não revelar a fraqueza? Será que o desejo deseja? Qual a lógica da lógica? A morte vive de matar a vida. A esperança que saiu da caixa de Pandora mora ago

Crônica cantada:Chico César - Filme triste

<br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br><br>VVersão Romeu nunes<br>

Coisas da Vida Após a Vida, Rafael Pascoal

      Adelaide conheceu bem o que é o preconceito. Depois de morrer asfixiada pelo marido, passou três dias enterrada e voltou à vida como zumbi. No começo foi complicado: ela não se lembrava de muitas coisas e ficou perambulando pelas ruas até se ser reconhecida por uma vizinha. Houve muita resistência por parte de sua família em aceita-la de volta, já que fedia a carniça e soltava pedacinhos de si mesma por onde quer que fosse.      Com o tempo, porém, a morta-viva foi voltando à rotina. Divorciou-se de Olavo depois de coloca-lo na cadeia, retomou os estudos, fez as unhas e até adotou um gatinho preto. Seus filhos ainda sentiam um certo nojinho de andar ao seu lado, já que volta e meia um dos olhos cismava em saltar da órbita. A ex-defunta até que achava graça, e começou a fazer mais vezes esse truque, só para pagar de descolada.      Certa noite, Adelaide resolveu pegar um cineminha. Comprou um balde de pipoca, refrigerante light e drops de anis. Estava se acomodando em sua

A Ternura, Álvaro Pacheco

Num domingo sobreposto, ressuscitarei umas auroras resistentes de minha carne e qualquer sensação sobrevivente da juventude anterior. São outros tempos, ou apenas outras circunstâncias, talvez porque adormeci e deixei que as pessoas se fossem e não disse as palavras necessárias, ou mesmo porque estou muito cansado e não sinta mais as coisas como elas deviam ser, muito ternas e inocentes — acho que é terrível envelhecer muito ruim ser velho ou apenas viver mais do que os outros, esquecendo-me, dentro do tempo, de como era lidar suavemente com a ternura.

Crônica cantada: Tic Tic Nervoso, Kid Vinil

Tic tic Nervoso Kid Vinil Estou preso no trânsito Com pouca gasolina O calor tá de rachar E lá fora é só buzina... Perdi o meu emprego Que já era mixaria E ontem fui assaltado Em plena luz do dia... Isso me dá Tic Tic! Nervoso Tic Tic! Nervoso Tic Tic! Nervoso...(2x) E quando chego em casa É aquela baixaria As contas estão vencidas E a geladeira tá vazia... Encontro uma garota Um tremendo avião Pergunto o seu nome Ela me diz que é João... Isso me dá Tic Tic! Nervoso Tic Tic! Nervoso Tic Tic! Nervoso...(2x) Eu sempre me achei Um rapaz normal Que esse papo de analista Fosse coisa pra boçal... Agora me chamam de esquisito E sujeito atrapalhado Só por causa desse meu jeito Todo torcido assim pro lado... É que eu fiquei com Tic Tic! Nervoso Tic Tic! Nervoso Tic Tic! Nervoso...(2x) Estou preso no trânsito Com pouca gasolina O calor tá de rachar E lá fora é só buzina... Antigamente todos tinham Esperança de vencer E acontece que hoje em dia Não dá

A Palavra é ... Mistério - vários autores

Machado de Assis, Raimundo Magalhães, Inglês de Souza, Coelho Neto, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, Orígenes Lessa, Rubem Braga e José J.Veiga são os autores  dos contos de mistério selecionados nesta coleção da Ed. Scipione.  O  projeto que traz também contos de festa, amor e criança, é organização de Ricardo Ramos , filho de Graciliano Ramos. A palavra é... mistério tem 10 contos antecedidos de pequena biografia de cada autor. A coleção é de 1988, só pode ser encontrada em sebos.

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O Santo Vicente, Raquel de Queiroz

                        Trezentos anos atrás, em 27 de setembro de 1660, morria em Paris um ancião. Camponês de nascimento, pastor na sua infância, prisioneiro de piratas e cativo de um alquimista árabe nos seus vinte anos, padre, postulante em Roma, confidente de S. Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal, discípulo do Cardeal de Bérulle, preceptor daquele que foi depois o demoníaco e aventureiro Cardeal de Retz, esmoler da Rainha Margot, confessor “in extremis” de Luíz XIII, diretor espiritual de Ana d’Áustria (diz-se que foi êle o celebrante do falado casamento secreto da Rainha com Mazarino), esmoler-geral das galeras do Rei, intermediário de paz nas lutas da Fronda, fundador das congregações dos Lazaristas e das Irmãs de Caridade - chamou-se em vida Vincent-de-Paul. É o nosso São Vicente de Paulo. Mas, nos altares onde subiu, não é representado junto a reis nem rainhas - mas como um padre velho que abriga sob a capa duas crianças desvalidas. Pois o que fêz um

Descobrindo Os Outros Ramos

Ricardo Ramos - imagem do Google Em comunidade do Orkut, grupo  se reúne para ler  livros dos descendentes de Graciliano Ramos. Ainda em formação,  os primeiros exemplares comprados e oferecidos são de Ricardo Ramos e Paulo Bullar  filho e bisneto do escritor alagoano e de D. Heloisa Ramos.   Ricardo Ramos nasceu em Palmeira dos Índios, em 1929, ano em que o pai Graciliano Ramos exercia a função de prefeito. Formado em Direito, destacou-se como homem da propaganda, professor de comunicação, jornalista e escritor em São Paulo. Faleceu em 1992. Paulo Bullar , pseudônimo de Fábio Amado Rozendo Pinto,  é filho de Fernanda Amado que por sua vez é filha de Luiza de Medeiros Ramos Amado.(Filha de Graciliano Ramos e casada com James, irmão de Jorge Amado) . Paulo Bullar nasceu em 1980 . Até o momento o grupo do Orkut dispõe dos livros: As Fúrias Invisíveis , Ricardo Ramos (filho de Graciliano Ramos)- Tânia oferec e Os amantes Iluminados , Ricardo Ramos - Regina ofer

Fliporto - terça-feira 15. Último dia

Congresso literário 10h – Painel 16: Vamireh Chacon, José Carlos Venâncio e Angel Espina, com mediação de João Cezar de Castro Rocha: “Lusotropicalismo é ciência ou literatura?”. O mundo que Gilberto Freyre criou para o ‘tropicalismo’ ia muito além do Brasil e de Portugal e suas colônias, alcançava a África, a Ásia, e, desde cedo, ele entendeu que mais que lusotropicalismo, deveria falar mesmo de um hispanolusotropicologia, ou, como talvez seja mais exato, um iberotropicalismo. Nunca faltaram, porém, críticas às suas ideias. Críticas políticas, científicas, técnicas. Três professores – do Brasil, de Portugal e da Espanha – vão finalmente responder o que é e, sobretudo, pra que serve a teoria mais controvertida do autor de Casa-grande & senzala. 11h30 – Painel 17: Cyril Pedrosa, Walther Moreira Santos e Frederico Barbosa, com mediação de Manuel da Costa Pinto: “Imagem, palavra, impacto: poesia, prosa de ficção e HQ”. O que um animador dos estúdios Disney e quadrinista francês tem em