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Crônica cantada: Elis Regina: Romaria, de Renato Teixeira


Romaria

Renato Teixeira
É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido
Em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De jibeira o jiló
Dessa vida
Cumprida a só
Sou caipira, pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
Meus irmãos
Perderam-se na vida
À custa de aventuras
Descasei, joguei
Investi, desisti
Se há sorte
Eu não sei, nunca vi
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Prá pedir de
Romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar
Meu olhar
Sou caipira, pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
* * *
Imagem: Caipira picando fumo, 1893 Almeida Júnior
Óleo sobre tela - Pinacoteca de São Paulo
* * *

Veja amanhã: O Poço da Panela, de Olegário Mariano - poesia completa escrita em 1937

Comentários

  1. REGINA,
    LINDA DEMAIS A CRÔNICA CANTADA
    DESTE SÁBADO!
    SENTI SAUDADES.
    Bjs
    CRISTINA SÁ
    http://cristinasaliterarturainfantil
    ejuvenil.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Olá Cristina, bonita não é? gosto tanto dessa música!
    abraço

    ResponderExcluir

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