Pular para o conteúdo principal

O que estou lendo?

Sabres e Utopias. M.V Llosa
 Sabres e Utopias, visões da América Latina  
Mário Vargas Llosa
Ed. Objetiva - 2010
420 páginas
Num livro imperdível, Vargas Llosa fala como vê a America Latina como um todo e alguns paises isoladamente; aponta o que concorda e o que discorda em alguns dirigentes; frequentemente dá mais ênfase ao Peru, por ser seu pais. Era o esperado. Dá uma aula de sociologia quando fala da viagem que empreendeu ao interior da Bahia, quando ia escrever A Guerra do Fim do Mundo, romance cujo cenário é a Guerra de Canudos. Llosa é didático sem ser cansativo; corajoso e incisivo, jamais panfletário; argumenta com grande coerência as críticas que faz, à imprensa, Fidel Castro, Hugo Chávez, Lula, intelectuais de qualquer tendência ideológica, etc levando o leitor a pensar seriamente antes de refutá-lo.
Encantada, porém não surpresa, com  Sabres e Utopias passei a ver Mário Vargas Llosa como uma pessoa de grande caráter. Um intelectual com capacidade de rever conceitos, ideologias, posicionamentos políticos e além do mais coragem  suficiente de se posicionar abertamente e, se não bastasse, escrevendo extremamente bem. É um exagero! Pela raridade,mostrada nesse livro, Vargas Llosa tem meu aplauso. Recomendo a leitura.
Meu exemplar já tem fila, mas ofereço aos integrantes da comunidade L.E

O que você está lendo, amigo internauta?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Os Dentes do Jacaré, Sérgio Capparelli. (poema infantil)

De manhã até a noite, jacaré escova os dentes, escova com muito zelo os do meio e os da frente. – E os dentes de trás, jacaré? De manhã escova os da frente e de tarde os dentes do meio, quando vai escovar os de trás, quase morre de receio. – E os dentes de trás, jacaré? Desejava visitar seu compadre crocodilo mas morria de preguiça: Que bocejos! Que cochilos! – Jacaré, e os dentes de trás? Foi a pergunta que ouviu num sonho que então sonhou, caiu da cama assustado e escovou, escovou, escovou. Sérgio Capparelli  CAPPARELLI, S. Boi da Cara Preta. LP&M, 1983. Leia também: Velho Poema Infantil , de Máximo de Moura Santos.