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Biblioteca Nacional: 200 anos em exposição imperdível.

A Fundação Biblioteca Nacional, oitava instituição do gênero no mundo em quantidade de livros, mapas e outros documentos, realiza exposição comemorativa de seus 200 anos. Foram escolhidas 200 peças. Para o curador  Marco Lucchesi " uma das antologias mais difíceis que me coube realizar". Para o público  visitante um deslumbramento.

A exposição está dividida em 3 seções:


A primeira delas, A Construção do Gabinete Ocidental, conta um pouco da história da biblioteca, que antes de se fixar em 1910 no atual endereço passou  pela Rua do Carmo e a Rua do Passeio. Daquela época aparecem documentos como uma listagem de naus e pessoas que saíram de Portugal a 29 de novembro de 1907 rumo ao Brasil, na companhia de d. João VI; uma gravura do embarque no além-mar, de autoria de Francesco Bartolozzi. Do material que fazia parte do acervo da Real Biblioteca Portuguesa, há curiosidades como a primeira edição de Os Lusíadas e um enorme volume do Le Grand Theatre de l"Univers (1741), no qual se destaca uma tábua cronológica de todos os príncipes da Europa desde o nascimento de Cristo.




A segunda seção: Do Autor Invisível à Máquina do Universo, mostra uma das maiores riquezas do acervo, como a Bíblia de Mogúncia. O "autor invisível" aparece, por exemplo, na mais antiga obra da Biblioteca Nacional, uma compilação de evangelhos em grego, manuscrita sobre pergaminho, datada do século 11. Os ítens brasileiros são: como a arte de Santa Rosa para a capa do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, e a edição original de A Menina do Narizinho Arrebitado (1920), primeiro título infantil escrito por Monteiro Lobato e cuja história, anos mais tarde, abriria o clássico Reinações de Narizinho (1931).



Interior da Biblioteca Nacional
A terceira seção: Como a Pintura, A Poesia. Aqui, quem pensava que o  acerto da Biblioteca Nacional, resumia-se a documentos de papel, vai ter a surpresa de encontrar:  o arcabouço de violino usado para estudo pelo maestro César Guerra Peixe, e o disco que registra a gravação de Pelo Telefone, considerado o primeiro samba nacional, por exemplo. Ainda na terceira seção:gravuras de artistas como Francisco Goya e Rembrandt; charges nacionais, assinadas por Lan, Nássara e outros. 
Desde muito jovem, conhecedor  do acervo da FBN o curador Marcos Lucchesi  inspirou-se nele para escrever um  romance.  O Dom  do Crime, vai ser lançado ainda neste mês. Enquanto aguardamos o livro, vamos à exposição.

(Fonte: O Estadão)

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